No Brasil, assim como no restante do mundo, a colecistectomia é uma das cirurgias eletivas mais realizadas, só perdendo para a cesariana. Segundo dados do Ministério da Saúde, são realizados em média cerca de 200 mil procedimentos por ano.
Com o avanço e difusão da cirurgia videolaparoscópica, a colecistectomia tornou a detecção precoce do câncer de vesícula uma realidade. Estudos epidemiológicos estimam que 1 em cada 100 pacientes operados para retirada da vesícula biliar apresenta tumor na peça cirúrgica.
Contudo, poucos sabem da possibilidade de que a doença relativamente tranquila de se tratar (bastando a retirada dos cálculos ou o tratamento da inflamação), pode ser na verdade um câncer potencialmente letal se não avaliado por um profissional adequadamente.
É necessário que o paciente busque o resultado do estudo anatomopatológico para que a informação da biópsia chegue ao conhecimento do médico responsável por uma avaliação. Inclusive, é preciso descobrir nesse momento se o tumor é ressecável – inclusive, ele é nomeado incidental porque é por acaso na biópsia ou durante a cirurgia que a lesão é encontrada.
Por causa dessa possibilidade, o paciente deve se manter informado e participar ativamente do processo, verificando junto ao seu médico o resultado da biópsia. Assim, em caso de neoplasia, recomenda-se procurar um centro especializado com profissionais habilitados no tratamento multidisciplinar do câncer.
Rastreamento e fatores de risco
Assim como na maioria dos cânceres, a detecção precoce ainda é a melhor saída. No entanto, os sinais e sintomas do câncer de vesícula biliar costumam só se manifestar quando a doença já está em estágio avançado – englobando desde perda de peso sem causa aparente, dor abdominal (parte superior direita), náuseas e vômitos, icterícia (pele e olhos amarelados) até massa abdominal palpável.
Especificamente neste tipo de câncer é muito difícil rastrear precocemente, tendo em vista que ele é um câncer extremamente agressivo e oferece poucos sintomas. Por isso a importância da biópsia após a cirurgia.
Dois fatores de risco podem aumentar a chance de desenvolver a doença: a inflamação ocasionada pelos cálculos na vesícula [principalmente, maiores do que 2 centímetros] ou ocasionada pelo refluxo do suco pancreático.
Conforme estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca), foram 600 mil novos casos de câncer no Brasil no ano passado. Infelizmente, o Inca não dispõe de estimativas para o câncer de vesícula biliar.