Novas descobertas científicas podem mudar o cenário das filas dos transplantes. Após pesquisas desenvolvidas na Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, uma nova técnica de descongelamento rápido de órgãos humanos pode pôr fim a grande fila de espera enfrentada por quem aguarda cirurgia.
A técnica elimina a necessidade do reimplante em poucas horas, como é feita atualmente, principalmente no caso do coração e pulmões. Hoje órgãos obtidos para doação são resfriados apenas até que chegue a seus receptores, o que limita a um tempo de 4 horas (coração e pulmões), até 12 horas (fígado, intestinos e pâncreas) e 36 horas no máximo para rins. Após isso, acabam sendo descartados.
Nesse descongelamento rápido, conseguiram acrescentar e distribuir de forma homogênea nanopartículas de óxido de ferro na solução usada para a vitrificação. Agitados por ondas eletromagnéticas, estes pequenos pedaços de metal (que depois podem ser facilmente “lavados” das amostras) elevam a temperatura dos tecidos de forma generalizada, a uma taxa superior a 130°C por minuto no processo de descongelamento, fazendo a água “saltar” a fase de cristalização, evitando danos aos órgãos.
Nos experimentos conduzidos em laboratório, os cientistas conseguiram descongelar com 90% de sucesso tecidos com volumes de até 80 mililitros. Ainda que esse tamanho esteja longe de abranger órgãos humanos inteiros, já é suficiente para incluir estruturas como as válvulas cardíacas e vasos sanguíneos de porcos, usadas na experiência, e que têm dimensões similares às humanas – o que é considerado um grande avanço se comparado ao volume máximo de amostras biológicas que podiam ser descongeladas com sucesso até agora, de apenas um mililitro.
Fonte: O Globo