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DIVAGAÇÕES* – VAGOROSAS e VIGOROSAS
Há um bom tempo tento imaginar um ambiente, quase etéreo, onde assuntos vinculados às Análises Clínicas, tais como imersões voltadas ao passado, às circunstâncias e ocorrências que antecederam ao crescimento vertiginoso da ciência laboratorial, aos caminhos que conduziram os exames realizados em Laboratórios Clínicos, às principais via de acesso ao diagnóstico clínico e às remissões de enfermidades.
Procurei também imaginar um termo que pudesse definir esse estado, então quase imaginário.
Nada foi fácil.
Finalmente, após zapear por muitas publicações em que os temas laboratoriais não eram os proeminentes, descobri que o verbo “divagar” enquadrava de forma perfeita o conjunto dos meus pensamentos.
“Divagações laboratoriais” sinalizam reflexões ou pensamentos criativos, num ambiente analítico. Podem evocar imagens de experimentos, ideias ou até as interseções entre ciência e filosofia. Entretanto, no caso presente, sempre com convicções necessárias e definitivas para a presença e perenidade do Laboratório Clínico.”
Divagações, quase sempre vagorosas, pois nada acontece por encanto e muito menos sem atraso. Passaram-se muitas décadas para que tudo ficasse fixado num patamar seguro, onde os alicerces foram construídos por gigantescas e indeformáveis pedras e estacas.
Assim, surgiu a instituição Laboratório Clínico.
Ao abrirmos “novos relacionamentos” em divagações laboratoriais poderíamos direcionar nossos pensamentos às formações de novas conexões humanas e científicas. Desta forma, acontecerão conjunções relacionadas às pesquisas entre diversas especialidades, sempre voltadas qualificação do diagnóstico, das terapias ou, ainda, possibilidades explícitas nas conduções de novas pesquisas nos campos clínicos e laboratoriais.
Estarão abertas inúmeras possibilidades de conexão de pessoas e ideias num mundo onde ciência e tecnologia avançam lado a lado.
Divagar sobre o crescimento dos Laboratórios Clínicos envolvem reflexões de como esses espaços evoluíram e impactaram na sociedade.
Transformações significativas impulsionadas pelos avanços tecnológicos, mudanças nas demandas e globalização da Saúde.
A tecnologia tem sido o fator chave nesse crescimento. A conexão firmada entre a qualificação dos equipamentos, irmanadas às automações, inteligência artificial – IA e análise de big data, trouxeram avanços extraordinários e revolucionaram tecnicamente a realização dos exames, tanto no manejo técnico, na forma de interpretação, bem como seus acessos aos destinos finais.
Os pacientes.
Avanços que permitiram aos Laboratórios crescerem suas eficiências, ao abreviar as entregas dos laudos e oferecer garantias de qualidade através de muito mais exatidão e precisão.
O acréscimo de itens, como bioinformática e sequenciamento genômico abriram espaços para medicina personalizada permitindo a adaptação de tratamentos com terapias individualizadas.
O envelhecimento da população, juntamente com o passar dos tempos sinalizou e canalizou uma demanda crescente em relação ao aumento em volume dos serviços laboratoriais.
A conjunção dos sistemas laboratoriais integrados às ações em Saúde Digital já não é mais uma tendência. Trata-se de uma realidade definitiva, em que aplicativos móveis ligados “on line” a plataformas alcançam não tão somente resultados de exames, mas também todos os processos de evoluções ou remissões de enfermidades.
A pandemia COVID 19 cristalizou e comprovou, de forma quase infinita a importância dos Laboratórios Clínicos e seus sistemas de trabalho, não tão somente para finalidades diagnósticas, voltadas às enfermidades infecciosas, como também para quase todas as demais ações de vigilância em Saúde Pública.
São caminhos que em tempos, não muito distantes, transformarão os atendimentos públicos em verdadeiras gincanas eletrônicas, em que o termo “divagação” já não terá tantas aplicabilidades em Saúde.
*divagar em dicionário: devanear, sonhar, fantasiar, imaginar, disgressionar, viajar, extravagar, elocubrar.
IRINEU GRINBERG
Ex Presidente da SBAC