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HUBS, CONCEITOS

O termo HUB tem vários significados, a depender do contexto onde é utilizado. Remete e refere quase sempre a situações de poder, grandeza e domínio em determinado setor:

– Em informática e redes, “hub” é uma palavra utilizada para interconectar múltiplos CANAIS em uma rede aérea local. É o ponto central ao qual se conectam dispositivos que permitam  transmissões entre todos eles.

– Em transporte um “hub” é referido como o centro de conexão, tais como um aeroporto ou estações de trem, onde os passageiros são transferidos de uma rota para outra, ou simplesmente chegam e se transferem para outras direções. São colocados em lugares estratégicos para facilitar todas as movimentações.

– Em negócios e marketing um “hub” pode se referir a um centro ou ponto de referência que reúne ou centraliza informações, serviços, atividades ou operações relacionadas. Por exemplo, um “hub” empresarial poderia ser uma organização que facilita a colaboração e conexão entre diferentes empresas ou empreendimentos, dos mesmos ou diversos ramos.

– “hub” também se utiliza em linguagem coloquial para referir a um lugar ou ponto de encontro, onde estão concentradas grandes atividades ou inteirações. Exemplo – uma cidade que tenha uma grande quantidade de teatros, cinemas, livrarias, museus e galerias de arte poderá ser designada como “hub” cultural.

FARMÁCIAS SÃO HUBS DE SAÚDE?

O comércio Farmacêutico tem se desenvolvido de forma vertiginosa aos tempos mais atuais, extrapolando em várias formas suas atividades habituais ao avançar para a venda de outros produtos, não enquadráveis nos seus conceitos iniciais. Estes são relacionados à venda de medicamentos e correlatos, formulários farmacêuticos, aplicações de injetáveis, curativos e outros similares.

Existem Farmácias que vendem outros produtos sem nenhum tipo de relação aos medicamentos e suas derivações. Entre eles, louças, talheres, peças de vestuário e até alguns tipos de materiais para construção. São mercadorias cujo produto das vendas   poderão até suplantar os medicamentos, correlatos e similares. Algumas Farmácias poderiam ser descritas como lojas de comércio muito perto das convencionais.

Em 26/02/2020 ocorreu o primeiro diagnóstico oficial de COVID-19 positivo em nosso país. A gravidade da infestação, o número de casos apresentados, a dificuldade inicial de vacinação foram causas de muitas preocupações e até pânico. A doença ainda pouco conhecida em seus aspectos clínicos e epidemiológicos colocou em alerta total todos os grupos relacionados à Saúde pública.  A ANVISA autorizou a vacinação em massa da população, e solicitou que os estabelecimentos farmacêuticos também participassem desse trabalho, bem como a realização dos testes imuno cromatográficos, para diagnóstico da enfermidade.

Como as farmácias, àquela época, já podiam executar testes rápidos (cromatográficos) para a verificação da glicemia, o número de testes laboratoriais, liberados para serem realizadas em Farmácias duplicou.

Assim, foi dado o “start” reivindicatório para que os Serviços Farmacêuticos e seus organismos representativos passassem a postular a execução de testes laboratoriais em Farmácias.

 

Desta forma, desde àquela época abriu-se um novo nicho de mercado para o ambiente farmacêutico em que, mesmo depois de normalizada ou estabilizada a situação pandêmica da Covid-19, os testes por imunocromatografia, para os analitos mais procurados, passassem a ser realizados em muitos de seus estabelecimentos, de forma rotineira e ainda não legislada.

Todos esses projetos estavam pautados para decisões na Reunião da Diretoria Colegiada, a de número 786, em 05/05/2023. Nesta ocasião seriam decididos todos os movimentos relacionados à realização dos Testes, ditos rápidos.

Importante citar que na reunião anterior da Diretoria Colegiada, realizada em 29/03/2023 o relator do projeto de execução de testes ditos rápidos em Farmácias, Dr. Alex Machado Campos, em pronunciamento, citou a ausência de necessidade da adoção dos Testes ditos rápidos em Farmácias. A alegação era a de que existiriam divergências entre os testes oferecidos, e que poderiam possibilitar o acesso a formas inadequadas e não bem resolvidas de “diagnósticos laboratoriais”. Foi acompanhado pelos demais membros que constituíram a comissão de análise e da reformulação da RDC 302.

Entretanto, na reunião da Diretoria Colegiada seguinte, na data aprazada, o projeto de utilização dos testes ditos rápidos em Farmácias entrou em votação e foi aprovado, pela mesma equipe e plenário. A partir de 01/08/2023, cerca de 50 testes laboratoriais poderão ser realizados em Farmácias, drogarias, ou qualquer outro estabelecimento similar.

Os testes laboratoriais ditos rápidos ou remotos ou portáteis, ou qualquer outra denominação que possam obter, consistem em tiras de papel onde existem impregnados reagentes que, em contato com o sangue ou urina desenvolvem uma coloração cuja intensidade é proporcional à concentração do analito (substância) a ser testado.

No caso dos analitos para provas bioquímicas a cor desenvolvida será proporcional à concentração do analito. Portanto, iniciada a cronometragem e vencido o prazo de tempo recomendado pelo fabricante, a coloração obtida será comparada, de forma visual, a uma tabela de cores fornecida juntamente com o kit. A coloração obtida na tira de teste mais aproximada da tabela será o resultado do teste. (portanto, impossível referir como exame). Existem, também leitores eletrônicos de tiras que medem a intensidade da cor desenvolvida e apresentam o resultado num visor. São caros, porém podem ser fornecidos pelos fabricantes, a partir de um determinado volume de compras. Entretanto, não eliminam os problemas relacionados a execução dos testes. Uma gota de sangue total não pode ser analisada com segurança. Este material poderá ser lipêmico, ictérico, ou com qualquer outra configuração que será visível somente, após centrifugação.

Gotas de sangue não são centrifugáveis, pelo menos em centrífugas convencionais.

Caso o teste seja relacionado apenas para uma pesquisa a tira reagente é gotejada com o material a ser examinado. Na presença de apenas um traço o exame é negativo, pois foi demonstrado apenas que a reação ocorreu (controle). Caso apareçam dois traços o teste é positivo. A não ocorrência de traços invalida o teste.

Declara o Presidente da Abrafarma que essa classe de atendimento farmacêutico favorecerá a um número de pessoas, que, de forma rápida, eficiente e econômica, poderão obter os resultados de seus exames e com isto, de imediato, levá-los à consulta médica.

Pergunta-se, qual ou quais exames?

Quem vai solicitar um exame a um cliente, sem examiná-lo?

HUBS DE SAÚDE – seria possível, justo ou adequado atribuir esta denominação aos estabelecimentos farmacêuticos, apenas por acrescentarem às suas atividades rotineira alguns testes laboratoriais, cuja exatidão, certeza e segurança estão muito longe de serem as ideais?

Até as redes hospitalares, as únicas que poderiam reivindicar esses adjetivos de qualificações, ainda não cogitaram ou, pelo menos, não sinalizaram querer recebê-los.

 

IRINEU GRINBERG

Ex Presidente da SBAC

irineugrinbrg@gmail.com