Em busca por novos biomarcardores cardiovasculares, que complementem a avaliação dos fatores de risco tradicionais identificando os indivíduos propensos ao infarto do miocárdio de forma cada vez mais precisa, cientistas da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (Noruega) descobriram que cinco microRNAs circulantes têm potencial clínico para calcular o risco de infarto do miocárdio fatal com uma margem de 10 anos. Atualmente cerca de 17 milhões de pessoas morrem anualmente de enfermidades cardiovasculares, o que corresponde a um terço das mortes globais por ano.
O estudo, publicado no Journal of Molecular and Celullar Cardiology, envolveu 212 pessoas entre 40 e 70 anos em observação durante dez anos. Hoje, essa análise é feita com base no estilo de vida de cada indivíduo e nos níveis de colesterol e triglicerídeos em comparação aos fatores de risco tradicionais, como tabagismo, IMC e pressão arterial. No entanto, a comunidade científica tem sentido a necessidade de desenvolver biomarcadores mais precisos em relação aos riscos de infarto do miocárdio e doenças cardiovasculares em geral.
No estudo Nord – Trondelag Saude (Hunt), os pesquisadores analisaram 179 microRNAs no plasma de 212 pessoas saudáveis em 1996 e verificaram, dez anos depois, que 56 delas tiveram um infarto do miocárdio fatal e outras 56 mantiveram-se saudáveis. A comparação das microRNAs em ambos os grupos indicou não apenas que algumas delas contribuíram para o risco do ataque cardíaco, mas que as miR-106a-5p, miR-424-5p, let-7G-5p, miR-144-3p e miR-660-5p permitiu distinguir com bastante precisão (77,6%) quais os indivíduos desenvolveriam infarto do miocárdio, tanto homens como mulheres.
Agora, a equipe de cientistas deu início a uma nova fase do estudo, em parceria com o Instituto Karolinska (Suécia), na qual pretende validar cientificamente os dados obtidos de forma a protocolar sua utilização em um contexto clínico.