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Intervalo de referência e medicina personalizada: o que você precisa saber
Os intervalos de referência são determinados cientificamente para refletir os parâmetros mais recorrentes de uma determinada população. Ainda assim, os exames laboratoriais devem sempre ser avaliados de forma integrada com a situação clínica de cada paciente. Saiba mais a seguir
Circulou na internet, ao final de 2024, um vídeo amador em que um profissional de saúde questionava a validade da utilização dos intervalos de referência (IR) em exames laboratoriais. Devido à importância do tema para os laboratórios de análises clínicas, a SBAC esclarece, primeiramente, que os intervalos de referência são parâmetros válidos e definidos a partir de critérios científicos criteriosos..
Além disso, a Sociedade ressalta que os exames laboratoriais, ainda que fundamentais para o diagnóstico e a conduta médica, não devem ser analisados isoladamente ou somente a partir dos intervalos de referência. Os resultados precisam ser sempre avaliados de forma individualizada e analisados conjuntamente com o estado clínico de cada paciente.
“Se um indivíduo não apresenta sinais e sintomas clínicos e apresenta um resultado fora do intervalo de referência, não quer dizer que a pessoa esteja doente, talvez seja o ‘seu normal’. No mesmo sentido, qualquer profissional de saúde deve saber que resultados limítrofes, ou seja, dentro do IR, mas próximos dos limites inferior ou superior de referência, devem ser interpretados em conjunto com sinais e sintomas e ainda riscos associados de desenvolver doenças”, explica Dra Flávia Martinello, professora do Departamento de Análises Clínicas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
A professora destaca, ainda, que os exames laboratoriais preventivos são aliados valiosos da medicina personalizada: “é importante que as pessoas façam exames mesmo em situação de saúde para saber quais são os níveis normais dos seus parâmetros laboratoriais e, em exames subsequentes, deve ser feita a comparação com seus resultados anteriores, que seriam o seu intervalo de referência pessoal (e não de uma população)”.
Metodologicamente, os intervalos de referência são obtidos a partir dos resultados dos exames de uma parcela de uma determinada população saudável, conforme podemos observar na imagem a seguir:
Fonte: Martinello, Flávia; Seidler, Alice Berlanda; Anghebem, Mauren Isfer. Reference Change Value: Uma ferramenta do laboratório para interpretar resultados de exames. RBAC. 2024; 56(3): in press.
Os valores de referência são obtidos pelos resultados dos exames dessa população, formada pelos indivíduos de referência, e distribuídos na curva normal. E esses resultados são utilizados como parâmetros nos laudos dos exames laboratoriais.
Fonte: Martinello, Flávia; Seidler, Alice Berlanda; Anghebem, Mauren Isfer. Reference Change Value: Uma ferramenta do laboratório para interpretar resultados de exames. RBAC. 2024; 56(3): in press.
A Dra Flávia Martinello ressalta que “os intervalos de referência (IR) são diferentes entre laboratórios porque dependem do método analítico. Cada fabricante de reagentes analisa a faixa de concentração comum a uma população saudável, mas que muitas vezes é de outras regiões do mundo, com estilo de vida diferente do nosso. E, por isso, é importante que o laboratório valide o IR na população local”
Os profissionais de saúde devem estar atentos tanto aos resultados numéricos dos exames laboratoriais de seus pacientes quanto para sua situação clínica. “Nós sabemos que os intervalos de referência, isoladamente, não indicam se uma pessoa está ou não doente ou mesmo com deficiências nutricionais, como anemia ou falta de vitamina D ou B12”, enfatiza a professora.
A SBAC reforça que o conhecimento científico e a qualidade laboratorial são indispensáveis para o manejo clínico e a segurança do paciente e que o relacionamento entre laboratórios e médicos é também fundamental para a avaliação individualizada das condições de saúde de cada paciente.
Para saber mais, acesse o artigo disponível na Revista Brasileira de Análises Clínicas: https://www.rbac.org.br/artigos/reference-change-value-uma-ferramenta-do-laboratorio-para-interpretar-resultados-de-exames/