Um estudo de cardiologistas do Albert Einstein College of Medicine, de Nova York (EUA) descobriu que não há diferenças significativas na sobrevivência entre transplantados cujos doadores de coração tiveram níveis altos de troponina I e os que apresentavam níveis normais. O estudo, entretanto, foi mais além, e mostrou também que os níveis da substância nos doadores não interfere na taxa de incidência de falência primária, na perda da capacidade de bombeamento que costuma ocorrer após 30 dias do transplante, nem na doença vascular em beneficiados, um tipo de doença cardíaca que pode limitar o prazo de sobrevivência após o transplante de coração. A pesquisa foi publicada dia 21 de junho de 2016 no diário Circulation Heart Failure.
Hoje a maioria dos centros de transplante costuma rejeitar rotineiramente corações cujos testes sanguíneos dos doadores revelaram altas doses de troponina I, uma proteína encontrada na musculatura do coração que penetra na corrente sanguínea por ocasião de um ataque cardíaco ou qualquer outro dano ao coração. Dessa forma, normalmente doadores com histórico de problemas cardíacos são automaticamente excluídos.
De acordo com os pesquisadores, há uma grande concentração de esforços para encontrar novos doadores, existe o outro lado do problema que é o fato de apenas um a cada três corações doados ser aproveitado. A pesquisa vem, portanto, abrir novas possibilidades para o transplante de coração ao mostrar que os centros não devem desprezar os doadores tendo como base apenas os níveis de troponina, principalmente quando o órgão é adequado ao beneficiado também de outras formas.
Para chegar a essa conclusão os cardiologistas analisaram todos os transplantados de coração com idade mínima de 18 anos cujos corações foram recebidos entre 1º de janeiro de 2007 e 30 de setembro de 2014, período que coincide com relatórios regulares sobre os níveis de troponina em doadores fornecidos pela Rede de Compartilhamento de Órgãos (Unos, na sigla em inglês).
Segundo eles, dentre os 71,8% dos pacientes que se enquadravam perfeitamente nos critérios de inclusão/exclusão e formaram a massa do estudo final, foram formados três grupos de níveis de troponina: menos de 1 ng/mL, de 1 a 10 ng/mL e mais de 10 ng/mL, comparados com a mortalidade aos 30 dias, um, três e cinco anos de acompanhamento, falência primária aos 30 dias de transplante e doença vascular com mais de 5 anos de follow-up – sem que fossem encontradas diferenças significativas. Com base nesse estudo o próprio Albert Einstein College of Medicine já mudou seus parâmetros de avaliação dos doadores de coração e agora os pesquisadores esperam que estes novos dados propiciem mudanças nesse sentido também em outros centros.