Pesquisadores da Universidade de Zurique desenvolveram um anticorpo capaz de reduzir significativamente o número de placas beta-amiloide – depósitos de proteínas prejudiciais ao bom funcionamento do cérebro – em pacientes na fase inicial de Alzheimer.
A Doença de Alzheimer é a causa mais frequente de demência. Segundo dados fornecidos pelo Relatório de 2015 da Associação Internacional de Alzheimer (ADI), o número estimado de pessoas com demência atualmente em todo o mundo é estimado em 46,8 milhões – podendo quase dobrar a cada 20 anos, chegando a 74,7 milhões em 2030 e a 131,5 milhões em 2050.
A causa da doença ainda é desconhecida, mas já se sabe que a deterioração mental começa com a deposição progressiva de placas beta-amiloide no cérebro, processo que começa normalmente entre dez e quinze anos antes do aparecimento dos primeiros sintomas de Alzheimer – como a perda de memória, por exemplo.
Embora os testes clínicos ainda se encontrem em fase inicial, os investigadores já demonstraram que o tratamento com o anticorpo Aducanumab atrasou de maneira considerável o declínio cognitivo de pacientes com Alzheimer. Os ensaios clínicos mostraram que o anticorpo se liga seletivamente a placas amiloides cerebrais, permitindo sua remoção – um ano de tratamento com o anticorpo resultou no desaparecimento quase completo das placas amiloides nos pacientes em estudo.
Os resultados foram publicados na revista científica Nature, e se baseiam no tratamento de 165 pacientes com Alzheimer na sua fase inicial. Para além de análises clínicas, os pacientes foram avaliados por meio de questionários para verificar se suas habilidades cognitivas se alteravam.
“O aducanumab mostrou efeitos positivos sobre os sintomas clínicos”, comentou Roger Nitsch, professor do Instituto de Medicina Regenerativa na Universidade de Zurique. “Embora os pacientes no grupo de placebo tenham exibido um declínio cognitivo significativo, a capacidade cognitiva permaneceu nitidamente mais estável nos doentes que receberam o anticorpo.”
Os efeitos promissores do Aducanumab estão a ser investigados atualmente em dois estudos clínicos de maior dimensão. Envolvendo mais de 300 centros em 20 países da América do Norte, Europa e Ásia, estes estudos estão avaliando a eficácia e a segurança do anticorpo num total de 2.700 pacientes com Alzheimer.