A maior dúvida dos nossos colegas trabalhadores e gestores de Laboratórios de Análises Clínicas neste fim de semana, assunto predominante nas diversas redes sociais do setor, está voltada somente a uma única pauta.
Era sabido e esperado que, com a decretação de quarentena, mobilização de quase todas equipes de saúde no atendimento aos infectados pelo COVID 19, a proibição de circulação de pessoas e a recomendação de permanecer em domicílio, todas as atividades entrariam em alto decréscimo. Inclusive as consultas médicas eletivas, aquelas que tem a possibilidade de serem postergadas. Evidente e elementar, os portadores dessa enfermidade terão toda a preferência no atendimento.
Com isto, o movimento nos Laboratórios diminuiu drasticamente, a ponto de quase todos os gestores da área cogitarem em fechamento, concessão de férias coletivas, revezamento ou outras soluções similares. Esta é a pauta preferencial neste domingo, 22/03/2020.
Como profissional de Laboratório há quase 60 anos quero vir, ante os colegas, e externar a minha visão do tema:
– numa situação de quarentena decretada, em que poucos deixam suas casas, o movimento ambulatorial, em todos os níveis simplesmente desapareceu. Por esse lado é plenamente justificável o fechamento, férias coletivas, revezamento da equipe, etc.
– por outro lado, esta ação poderá prejudicar publicamente a imagem de um sistema que já tem algozes suficientes para aproveitarem-se desta situação. Farmácias, concorrências cada vez mais escancaradas de alguns apoios em clínicas populares, além de colegas que adentraram ao mercado apenas para enterrar os concorrentes.
– estamos à véspera de testar toda a população. Torna-se evidente que os grandes parceiros dessa monumental ação deverão ser os Laboratórios de Análises Clínicas, pois tem a expertise necessária, trabalham com controle de qualidade e portanto, têm todas as condições de executar esse trabalho, em todos os cantos de um país continente. Vamos imaginar os Laboratórios desmobilizados e que outras instituições, com soluções “mágicas” assumam esse trabalho.
Estamos apenas na fase IgM de uma jornada árdua, e cansativa.
É uma tomada de decisão, em nome da dignificação de nossa categoria e da manutenção do prestígio que ainda desfrutam as instituições laboratoriais.
Fonte: Irineu Grinberg