Blog de Notícias SBAC

Startups causam impacto social na área de saúde

De acordo com um mapeamento setorial organizado pela aceleradora de negócios de impacto social Artemisia, o segmento de saúde no Brasil passa por um momento de proliferação. O estudo identificou que novos modelos de negócios estão sendo criados: de um total de 171 novas empresas, muitas utilizam a tecnologia para oferecer serviços e produtos voltados ao bem-estar. Portanto, um terreno fértil para o empreendedorismo.

Para impulsionar essas iniciativas, a entidade selecionou este ano 17 startups para participarem do programa Artemisia Lab, em parceria com o Instituto Sabin, um programa de mentoria criado em 2014 para conectar os diversos atores que atuam no segmento de Saúde e Bem-Estar. Entre elas, a Beone Tech, empresa que desenvolve tecnologia voltada a portadores de diabetes que sofrem com feridas que não cicatrizam – seu produto trata feridas que evitam amputações do “pé diabético”, uma ferida aberta por meses que se torna porta de entrada para bactérias. O problema até então sem solução eficaz afeta 100 milhões de pessoas no mundo.

A Beone, que atua em engenharia bioelétrica, desenvolveu uma pesquisa que utiliza plataforma de tratamento de fotobiomodelação, ou comprimentos específicos de ondas eletromagnéticas que conseguem dar comandos genéticos ao tecido e matar bactérias e micro-organismos presentes em infecções e ferimentos – trabalho que rendeu prêmio de inovação de Harvard e MIT. O paciente coloca o pé dentro do equipamento e realiza algumas seções por semana, até que a ferida seja fechada em poucos meses. Após ensaios clínicos realizados em hospitais, a tecnologia está pronta para chegar ao mercado, faltando apenas registro da Anvisa. Inicialmente, a ideia é vender o produto para hospitais e clínicas, e para o paciente final dentro de cinco anos, quando o preço estiver mais acessível.

Outra startup a se beneficiar do programa da Artemisia é a Epitrack, cujo primeiro produto foi o aplicativo Saúde na Copa, utilizado oficialmente pelo Ministério da Saúde na Copa do Mundo de 2014 com o objetivo de identificar epidemias que pudessem vir a ocorrer durante o mundial. O programa, baseado em crowdsourcing (construção de informação coletiva pelos usuários), funcionou nos Estados Unidos e Canadá para identificar epidemias de influenza. Outro aplicativo, o Clinio, será lançado para direcionar consultas médicas em domicílio, permitindo o crowdsourcing sobre saúde em uma determinada região com base nos dados inseridos pelos médicos que atendem pelo programa.

A Pickcells, mais uma startup beneficiada, automatizou o processo de análise para detectar esquistossomose aplicando a técnica “visão computacional” em imagens de lâminas de microscópio para treinar o software a encontrar objetos com as mesmas características. Assim, a câmera fotografa a lâmina, envia a imagem para a nuvem e o software identifica, marca e quantifica o patógeno, substituindo o microscópio e permitindo o diagnóstico automatizado de forma rápida e precisa em tempo real e com baixo custo – solução capaz de otimizar a rotina de trabalho e reduzir os custos em laboratórios de análises clínicas e demais serviços de saúde. Também para outras doenças negligenciadas, como malária e tuberculose, que afetam principalmente a população de baixa renda.

Com duração de seis semanas, o programa Artemisia Lab é dividido em dois workshops presenciais e dois webinars (web conferências) temáticos. O objetivo é acelerar o desenvolvimento do negócio, e para isso a entidade avalia o modelo da empresa, oferece ferramentas e conteúdos que promovam reflexão sobre o impacto que a solução se propõe a causar, discute mecanismos para tornar o negócio mais eficiente e assertivo, e estabelece conexão com especialistas de negócios e outros empreendedores da rede.

É possível fazer um paralelo entre o surgimento de novos modelos de empresa que vêm surgindo nos últimos anos e a atual situação do país. Em um ano, o impacto significativo causado pelo desemprego fez com que aproximadamente 1,6 milhão de brasileiros perdessem seus planos de saúde privados. Esse processo, somado a grandes reajustes e ao fato de que planos de saúde lideram há três anos o ranking de reclamações por conta da insatisfação com os serviços prestados, tornou o cenário propício para oportunidades de desenvolvimento de negócios de impacto social que trouxessem acesso a serviços de saúde com preços acessíveis, atendendo uma população que hoje está desatendida pelos planos particulares e que desejam uma opção além do Sistema Único de Saúde – SUS.

Por tudo isso, o critério utilizado na seleção das startups pelo Artemisia Lab foi o olhar para soluções de prevenção e bem-estar com potencial de qualificar e/ou complementar a oferta pública oferecida pelo SUS.

Fonte