A farmacêutica americana Pfizer chamou a atenção do mundo nesta semana ao anunciar a produção em estado avançado de uma vacina que pode ser eficaz contra a COVID-19, com capacidade de entrar em atividade ainda em 2020.
A expectativa da empresa é que os primeiros resultados dos testes clínicos, que indicarão a real eficácia da imunização, sejam conhecidos entre o final de maio e o início de junho. “Se tudo correr como esperado durante o trabalho clínico, esperamos que seja possível ter no mês de outubro vacinas prontas para uso emergencial, além de fabricar centenas de milhões de doses até o final de 2020”, estima a Pfizer.
Respondendo a perguntas enviadas pela CNN, a farmacêutica explicou que a velocidade acima do usual no desenvolvimento de uma possível imunização está associada a um novo tipo de tecnologia, baseada no chamado RNA mensageiro, o mRNA.
São vacinas desenvolvidas a partir do código genético do vírus e não, como é padrão, de uma versão inativada do próprio composto que causa a doença. “Diferentemente das vacinas convencionais – que levam meses para se desenvolver e são produzidas por meio do crescimento de formas inativadas do vírus – as vacinas de RNA podem ser fabricadas rapidamente usando apenas o código genético do patógeno”, argumenta a empresa.
A sequência genética do SARS-CoV-2, o novo coronavírus que causa a COVID-19, foi descoberta e divulgada por cientistas chineses, epicentro da doença, em janeiro deste ano. O desenvolvimento da vacina, segundo a empresa, está na fase dos estudos clínicos, quando é testada a real eficácia da imunização e seus potenciais efeitos colaterais.
“Todos os fármacos, incluindo as vacinas, podem ter efeitos colaterais/adversos. Por isso, é importante ressaltar que um dos principais objetivos de um estudo clínico é determinar com precisão o perfil de segurança de vacinas e medicamentos”, diz a Pfizer.
A farmacêutica afirma que trabalha “em uma solução global para a prevenção da COVID-19”, mas que neste momento os testes estão priorizando a população adulta. Ao final dos estudos, diz a Pfizer, a empresa se reunirá com as autoridades reguladoras de cada país para definir exatamente a indicação que a imunização receberá.
O estudo está sendo realizado na Alemanha após a parceria da farmacêutica com a empresa alemã BioNTech. A escolha de país e parceira, segundo a Pfizer, foi feita porque a empresa europeia é parceira da americana desde 2018 no desenvolvimento de vacinas baseadas na tecnologia mRNA.
O estudo foi aprovado pelo Paul-Ehrlich-Institut, a autoridade reguladora alemã, e envolve doze participantes. Segundo a empresa, a equipe envolvida é oriunda de diversas nacionalidades. O investimento estimado no projeto é de US$ 500 milhões para o desenvolvimento e US$ 150 milhões para a ampliação da capacidade de produção.